Apple teria reduzido produção do iPhone em 10% para o primeiro trimestreApple perde US$ 70 bilhões em valor de mercado após vendas fracas de iPhone
A trama começou quando donos de iPhones notaram que seus aparelhos ficavam mais lentos com o passar do tempo. Pressionada, a Apple confirmou que a lentidão progressiva é intencional: a velocidade do processador é diminuída para aumentar a vida útil dos dispositivos. Diante da chuva de críticas (e, presumivelmente, do risco de numerosos processos judiciais), a Apple criou um programa de troca de baterias válido até o fim de 2018 — a substituição do componente faz o desempenho do smartphone voltar ao normal. O programa não era um recall, mas um serviço pago. A diferença é que a Apple diminuiu o preço da troca: nos Estados Unidos, por exemplo, o valor caiu de US$ 79 para US$ 29; no Brasil, de R$ 449 para R$ 149. Assunto encerrado, certo? Mais ou menos. Bem no começo deste ano, a Apple revelou que vendeu menos iPhones no fim de 2018 do que esperava. A companhia atribuiu parte do problema justamente ao programa de troca de baterias: de acordo com Tim Cook, muita gente aproveitou o valor reduzido para substituir o componente em iPhones antigos e, assim, postergar a compra de modelos recentes. Na ocasião, o que não tinha ficado claro era a quantidade de aparelhos que passaram pela troca de bateria. Essa informação veio à tona somente agora, vazada de uma reunião de Tim Cook com funcionários realizada em 3 de janeiro. Fontes anônimas ligadas à Apple disseram a John Gruber, do Daring Fireball, que Cook relatou na reunião que 11 milhões de iPhones passaram pelo programa. Até então, a empresa costumava fazer entre um milhão e dois milhões de trocas de bateria por ano. Os preços elevados dos modelos atuais, a competição acirrada com marcas chinesas e a desaceleração de alguns mercados provavelmente são fatores que pesaram mais no desempenho abaixo do esperado das vendas do iPhone. Mas faz sentido que o programa de troca de bateria tenha tido alguma influência nesse cenário, ainda que mínima: 11 milhões de unidades é um número alto e sugere que muita gente realmente preferiu ficar mais tempo com aparelhos antigos, afinal, com a substituição do componente, o desempenho voltou aos padrões originais. O detalhe mais irônico dessa história é que, provavelmente, a Apple só percebeu esse comportamento após a chegada dos iPhones XS, XS Max e XR: é possível que muita gente tenha esperado esses lançamentos para descobrir se valia mais a pena comprá-los ou recorrer à troca de bateria para manter modelos antigos por mais alguns meses.