Exame prevê se diabético tem risco de amputação, mas é pouco pedidoDá para ter diabetes, mas não ser oficialmente diagnosticado?

O genoma de referência desta espécie de rato vai funcionar como um padrão do animal e irá facilitar tanto estudos laboratoriais quanto clínicos, o que poderá gerar, no futuro, novas formas de controle do diabetes tipo 2 em humanos. Inclusive, poderá fornecer insights para terapias mais avançadas. Publicado na revista científica BMC Biology, o estudo que padronizou o genoma do roedor foi liderado por pesquisadores da Universidade da Califórnia (UC) em Santa Bárbara, nos Estados Unidos.

Desafios no estudo do diabetes do tipo 2 em animais

Na ciência, o camundongo (Mus musculus) e o rato-marrom (Rattus norvegicus) são as duas espécies de roedores mais utilizados em experimentos, inclusive nos que envolvem o diabetes tipo 2. No entanto, o organismo desses animais não reage de forma tão semelhante ao humano na doença associada à falta de insulina, o que dificulta a validação das descobertas. Afinal, a progressão natural do quadro não é a mesma entre as espécies. Por exemplo, o diabetes tipo 2 é uma doença provocada a partir de alguns hábitos e do estilo de vida do paciente, como sedentarismo, má alimentação e pouco exercício físico. Só que “um grande problema na modelagem do diabetes tipo 2 é que ratos e camundongos de laboratório não são particularmente suscetíveis ao diabetes induzido por dieta”, explica Huishi Toh, um dos autores do estudo e pesquisador da UC Santa Barbara, em comunicado.

Este rato sofre tanto com o diabetes tipo 2 quanto os humanos

No habitat natural, os ratos-do-Nilo vivem em pastagens da África subsaariana. Por lá, os roedores se alimentam de uma dieta rica em fibras (composta por muita grama) e pobre em carboidratos, ao contrário de seus primos mais urbanos. Isso porque os ratos e camundongos da cidade já estão adaptados a uma dieta rica em carboidratos mais semelhante à humana. Quando um rato-do-Nilo é alimentado, em laboratório, como uma dieta hipercalórica, de forma semelhante aos humanos, desenvolve espontaneamente diabetes induzido pela dieta, ou diabetes tipo 2. Devido à alimentação, o pesquisador Toh confirma que “eles são tão suscetíveis ao diabetes”. Nessas condições, os roedores podem desenvolver retinopatia diabética — o que pode desencadear a perda de visão. Esta é uma característica que não era identificada nos outros modelos animais usados para o estudo do diabetes tipo 2 e, por isso, não foi adequadamente estudada até então. Fonte: BMC Biology e UC Santa Barbara