“Já estamos em 2030” | Novos trajes para exploração espacial são apresentadosLego constrói traje espacial em tamanho real para homenagear Apollo 11
Escafandros são bastante icônicos por serem uma inovação fundamental para trabalhos de exploração marítima, salvamento, engenharia civil e muitos outros tipos de missões subaquáticas. Além disso, claro, os capacetes metálicos com visores de vidro são facilmente reconhecíveis. A palavra escafandro é formada pelo termo grego skaphó (objeto escavado, em forma de canoa; barco), e anér (homem). Ou seja, poderia ser traduzida como “homem-barco” ou “homem em forma de canoa”. No entanto, a ideia não é velejar com o traje, e sim mergulhar.
Criação do escafandro
Vários projetos de escafandro foram feitos entre os séculos XVI e XVIII, mas os primeiros capacetes de mergulho bem-sucedidos foram inventados pelos irmãos Charles e John Deane na década de 1820, que, na verdade, o patentearam para ser usado por bombeiros. O capacete era de cobre e tinha uma mangueira de couro presa atrás para fornecimento do ar, que se daria por meio de um fole, enquanto a vestimenta era feita de couro hermético. No entanto, com a falta de verba para a produção, venderam a patente para Edward Barnard. Em 1828, o alemão Augustus Siebe comercializou o produto como um capacete de mergulho. A partir de então, foi utilizado em resgates de naufrágios e, mais tarde, o projeto recebeu melhorias fundamentais, como o traje de lona impermeável e uma válvula para evitar a inundação.
Como é um escafandro?
Para suportar pressões extremas, o escafandro precisava ser muito resistente, hermeticamente fechado e impermeável. Além disso, teria que oferecer ao mergulhador um sistema de respiração e controle de temperatura. Assim, foram projetadas vestimentas de borracha e latão, ou até mesmo versões mais pesadas usando couro e madeira. O ar é bombeado da superfície e chega ao mergulhador por meio de uma espécie de tubo, semelhante a um cordão umbilical. Enquanto isso, o ar expelido é enviado à superfície. O tecido emborrachado é, claro, à prova d’água, assim como a vedação do capacete e dos punhos. Por outro lado, o traje era largo e deveria ter a medida exata de gás respiratório. Se inflado demais, atrapalharia o alcance das válvulas de controle, o que poderia resultar em uma explosão do traje. O capacete de traje padrão também contava com uma válvula de retenção na porta de entrada de ar, para o caso do tubo de ar se romper na superfície. O escafandro tem, ao todo, 86 kg e pode mergulhar até 180 m de profundidade. Embora todos esses cuidados garantam a segurança dos mergulhadores, existem limitações, como a falta de controle da pressão, a visão limitada, a pouca mobilidade e o peso. Atualmente, os mergulhadores usam trajes bem mais confortáveis, como os aqualungs, embora ainda existam escafandros modernos para usos específicos.
Escafandros inspiraram os trajes espaciais?
As semelhanças visuais entre escafandros e trajes espaciais, como aqueles usados nas missões Apollo ou durante as caminhadas espaciais na Estação Espacial Internacional, parecem óbvias. Ambos costumam ter uma roupa hermeticamente fechada, um capacete e um cordão umbilical fazendo a ligação com sistemas de suporte à vida. Mas o mergulho e a astronáutica exigem cuidados especiais bem diferentes entre si. Por exemplo, o fundo do mar exerce uma pressão imensa sobre o escafandro, coisa que não ocorre no espaço. Em outras palavras: um precisa resistir à pressão e o outro deve mantê-la a um nível equivalente à da superfície da Terra. Trajes espaciais contam com um sistema bem mais complexo, na verdade. Seus equipamentos são projetados para criar um ambiente de suporte à vida confortável e seguro, para que os astronautas sobrevivam no quase váculo do espaço, onde há temperaturas extremamente altas. Já o escafandro precisa de um sistema de aquecimento interno, já que as temperaturas no fundo do mar são bastante baixas para os humanos. Mesmo trajes de mergulho como o ADS (atmospheric diving suit) — esses ainda mais parecidos visualmente com os trajes espaciais — possuem essas diferenças. Embora possuam articulações com rolamentos para auxiliar os movimentos do mergulhador, elas vazariam em ambientes de pouca pressão, como o espaço. Mas isso não significa que as tecnologias sejam incompatíveis, ou que não possam servir de inspiração uma para a outra. Empresas como a Paragon Space Development Corporation, que desenvolvem tecnologias para a NASA, podem aplicar em seus trajes espaciais parte dos projetos mais modernos em equipamentos respiratórios e trajes usados por bombeiros, equipes de carros de corrida e mergulhadores da Marinha dos Estados Unidos, por exemplo.